Mês: março 2015

Obra de arte

Eu brinco com as palavras, e é como se elas fossem as únicas capazes de me entender. Grito minha angústia no papel e pinto em cores vivas sentimentos que tomam posse do meu eu. Traço em linha reta todas as curvas da minha história, rimo palavras soltas até que completem umas as outras, até que se tornem um conjunto, uma só.

Eu tento me preencher, achar respostas dentro do dicionário de emoções que sou, mas tudo parece tão perdido e desorganizado. Procuro minhas cores certas, meu traço perfeito, minha poesia mais bela, porém, respostas ainda não tenho. Se é tudo uma questão de vivência, talvez eu ainda tenha muito tempo para me descobrir. Descobrir se sou do mundo ou se essa porção de coisas misturadas e sem sentido é o mundo que há em mim.

Eu sou uma obra de arte eternamente inacabada, com seus traços infinitos e historias mal contadas.

Calma

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A dor do mundo em seus olhos
Ela tentava esconder
Coração no peito batia devagar
Abraço apertado pra socorrer
Havia nela força e doçura
Seu sorriso abrigava o mundo
Ela se tornou minha cura
Me sinto novamente segura
Sou mais dela a cada segundo
Mas e ela?
Ela é a vida
O ar
Está em todo lugar
No meu pensamento
nas páginas dos livros
no meio da sala de estar
Menina, espero que eu consiga
Tirar o mundo dos seus ombros
Ao menos dividir o fardo
Caminhar a dois torna tudo menos pesado
Teu peito em ruínas, quem te derrubou?
Eu caminhei entre os escombros
E a esperança? O vento levou?
Levantei alicerces, concretei nossos sentimentos
Espero que eu possa ficar
Te chamar de lar
Ja que me perdi há tempos
Nesse teu olhar
E cada pedaço que já ousou cair do seu coração…
Juro, vão voltar para o mesmo lugar.
Te pego pelas mãos
Te chamo pra dançar
E quando teus labios encontrarem os meus, te peço pra ter calma
Por favor, eleva a alma
Eu te abraço forte até tudo de volta colar.

Menina

  Eu te amo tanto que nem dói, meu peito chega a saltar de felicidade quando você diz que sem mim não vive. Vida sem você seria sem graça.
  É engraçado como eu, que sempre odiei coisas do tipo, imagino nosso casamento na praia ao pôr-do-sol. Teu cheiro na minha pele me lembra todas as noites que já não sou mais minha, sou sua. Meu coração e pensamento são seus, meus suspiros e melhores palavras são suas. As lágrimas que você derramou naquela minha camisa surrada queimam, a noite era fria e chovia lá fora. Você sabe que vai passar, menina. Assim como a chuva isso vai passar, e enquanto não passa, se abriga no meu peito, teu lar construído aqui é de concreto e aço, não importa a gravidade da tempestade que possa chegar, corre pra cá e vem de mudança.

Caminho de estrelas.

Talvez
O céu com suas estrelas
Nos mostre o caminho
Abra os olhos para vê-las
Eu nunca te deixei sozinho

Sua vez
Dance comigo sob o luar
Jogue palavras ao vento
Não tenha pressa, pode ficar
Faça nosso amor ser dono do tempo.

Porquês
Haverão vários
Mas nunca serão páreos
Para as nossas certezas
E a nobreza
Disso que ousamos sentir.

São apenas três palavras
Palavras que carregam fardos
Entrelaçam nossas vidas, nossos dedos
Nossas alegrias e nossos medos.

Canta, me encanta e vem
Eu te espero
Por um dia
um ano
Ou até mesmo cem.

03:00 a.m

Eu sinto esse turbilhão de coisas bagunçadas em mim às 3 da manhã, um emaranhado de traços, cores e sorrisos. Amor, paz, tranquilidade, você. Eu sinto as paredes brancas do meu quarto me sufocando às 3 da manhã,  elas me dizem que ninguém vai ouvir, ninguem quer ouvir, ninguém nunca se daria o trabalho de tentar ouvir. Eu ouço o vento lá fora às 3 da manhã,  ele se mistura com o barulho da minha respiração e do isqueiro que acende o cigarro. Eu sinto meu peito queimar por dentro às 3 da manhã, mas o que posso fazer? Apenas observo a imagem de uma pessoa desconhecida no espelho, observo o fogo consumindo o cigarro lentamente. Eu inspiro, respiro, meus próprios olhos me perfuram como um tiro. Tudo queima, por dentro e por fora agora. Dor é relativa, um pouco felizes são aqueles que ainda a sentem. Sinto as ruínas das memórias que um dia foram sólidas dentro de mim desabando de vez, certas coisas pesam muito mais do que você pode aguentar, mas você sempre aguenta. Foda-se a lógica, você simplesmente tem que aguentar, sem palavras de conforto quando precisa, sem aquele universo cor de rosa em que tentam te fazer acreditar. Deixei a fumaça entrar, bem lá no fundo me sinto só isso. Fumaça tóxica. Me dissipo dentro de mim mesma e sei que um dia ainda acabo comigo.
     É como se o tempo estivesse em câmera lenta, como se eu vivesse várias eternidades em uns minutos. Várias pequenas e torturantes eternidades. Deito novamento sobre os lençóis brancos e fecho os olhos…

03:01.